terça-feira, 30 de março de 2010

Dialogando através de imagens.

Queria poder falar da primeira aula da Wlad, mas infelizmente não pude comparecer. Tive que resolver alguns problemas do meu óculos - que ainda está lá na ótica - e acabei perdendo. Muita pena, de verdade. Até porque pensei que a aula de Trajetórias do Ser fosse na terça-feira. Sabe-se lá o porque. Mas uma coisa era verdade: queria demais assistir a aula da Wlad.

Bom, na segunda aula me fiz presente. Já era a apresentação de um seminário sobre Narrativas Enviesadas. Quem esteve à frente foi o Silvano, com mediação da Patrícia.

Assumo que não li o texto. A primeira semana de aula não foi muito grata comigo quanto à questão financeira, então não pude gastar nada. Portanto, não li o texto, mas dei uma pequena folheada na sala mesmo. Entendi o supra-sumo, digamos, do assunto. Só que, como não entrei em detalhes na leitura, acabei sendo óbvia quando citei as artes plásticas na hora do debate. Deixando claro que não tinha lido o texto. É por isso que quando não leio, prefiro nem comentar, de verdade. Vai que deixo escapar uma dessas, não é?

Gostei muito do seminário e não menos do debate. Já tinha explorado bastante o mundo das narrativas enviesadas sem saber. Logo lembrei de quando atuo no espetáculo "Jogo de Sete" da Cia. Em Cores em que a presença da narrativa enviesada se fez óbvia demais.

A Kátia comentou se a pichação entraria também na idéia do nosso tópico. Logo se fez um debate sobre isso e até mesmo na dúvida se seria a pichação ou a grafitagem. Mas a Wlad logo nos lembrou do foco da aula.

Depois do debate, entramos na parte prática. Fizemos um jogo teatral que pedia que nos lembrássemos de uma imagem da nossa infância. Aquela mais antiga. Então, a partir dessa imagem, devíamos demonstrá-la em movimentos e gestos. Movimentos que a Wlad chamou de "movimentos do coração", aqueles que vem pelos nossos instintos e percepções. O desdobrar surgia na hora em que aquele ator que era o dono da imagem de sua infância saía do todo e ia para a platéia. Ele podia observar os outros atores interpretando sua família com gestos fortes. Esse desdobramento, feito pela Wlad, mostrava como aqueles 'movimentos do coração' de cara ator podia remeter à fatos e personalidades da família daquele ator que estava na platéia. Alguns encontraram sentido, outros não.

Na segunda etapa, a Wlad pediu para que duas pessoas tomassem o comando do jogo. O Rafael foi primeiro, e depois foi a vez do Leandro. Na vez do Rafael, começamos a perceber a perda da objetividade do jogo, quando os comandos pareciam sem muito sentido ou motivo. Ele pediu a imagem da infância para o Paulo, e, através dessa imagem, foi encaixando outros atores que representavam quem esta na situação da imagem. Depois, misturou as experiências de cada um, quando tinha quinze anos, para então envolver todas essas experiências em uma só cena: a do carro, que era da imagem da infância do Paulo.

Foi bem confuso, com certeza. Mas eu consegui lembrar de experiências fortes da minha vida, quando observei aquela mescla de experiências. Me senti bem envolvida. Pra mim, foi um exemplo perfeito de narrativa enviesada, já que no debate final da aula, percebi que ninguém tinha entendido nada do jogo.

No segundo jogo no comando do Rafael, fui à frente. Mostrei minha imagem de infância que me remetia ao dia em que minha casa estava em construção, mas quase pronta, então viemos comer pizza onde é o meu quarto hoje em dia. Era uma comemoração, a pré-estréia da casa. Eu tinha 5 anos e andava no meu velocípede da xuxa (haha!).

O comando era o seguinte: dava movimentos à imagem. Os atores representavam os envolvidos na cena, minha família. Depois, ele pediu para que levássemos à cena uma experiência de 5 anos após aquela primeira. Não vi sentido algum, porque, ao meu ver, não teve desdobramento algum.

Na vez do Leandro, o jogo se tornou confuso de verdade.

E então houve o bate-papo final, com as opiniões sobre o jogo. Foram diversas e opostas. Acho que esta parte prática foi fundamental para o entendimento completo das narrativas enviesadas.