quarta-feira, 28 de abril de 2010

Trololó

Oi, meu nome é Jocasta. Guardo no meu baú todas as lembranças jogadas ao vento. Temos todas as cores que possa interessar: Azul-céu, amarelo-mijo, amarelo-ouro, vermelho-sangue, rosa-espinhos, verde-floresta, laranja-victor hugo, prata-diamante, preto-computador lcd, e cinza-multiuso. Porque o multi-uso? Ora, por ser multi-uso ele serve de tudo. Está aí o porque de seu preço ser meio salgado. Hohoho, não me venha com risinhos. Eu ainda digo "salgado", é assim que minha bisavó ainda comenta os preços de minhas lingeries. Anh.. não entremos em detalhes, né moço?

Falava de lembranças. Eu já tive algumas, sabe? Quando não me prendia em qualidades fúteis. Depois que guardei em mim essas tranqueiras todas, resolvi fazer uso de cada uma. Por isso agora eu guardo todas essas tais lembranças que foram jogadas ao vento. Essas que ninguém dá valor, mas que pra alguns faz uma faaaalta. Isso mesmo, alguns passam a vida inteira atrás de uma simples rosa-espinhos e nunca consegue. Talvez, quem sabe, só diz que vai atrás mas nunca foi, né.


Bom, também trabalhamos com rendas e quitutes de toda a parte. Tenho trololó, guardanapos, e infinitudes só. Também crio nomes pras coisas, acho tão bonito. Tem uns nomes feios pra dedéu, sempre quis mudar. Porque não chamar esse doce de trololó? É lindo e musical. De "dedéu" eu gosto, acho bom.


Ando por essas ruas estranhas e escrotas e só posso pensar em uma coisa: que merda, que grande e enorme merda. Nem sei porque to falando, ô moço. Não, não vai embora, compra um multi-uso, vai? É o mais caro, mas sai em conta, pode ter certeza. Bom, me dê licença que vou dançar um Corumbá ali com meu Efésio. Não quero mais saber de lembrança nenhuma. Quer saber? Jogo no vento também, e que se foda a gasolina.

Objetificando

Porque coloca-se tanta importância em certos objetos que, aos olhos de outros, não possuem o mínimo valor? Esse significado que damos à algumas coisas provém da mistura de memória, lembrança e afeto. Memórias de momentos, fases, épocas da vida ficam marcadas em pequenas coisas como um cordão, uma pedra, algum tipo de amuleto. Lembranças fortes, engraçadas ou apenas de sorte.

Enquanto o Renan fazia a exposição do tema, várias coisas vinham à tona na minha memória, como o assalto em que tudo o que mais me preocupava era o meu cordão, que foi presente da minha madrinha nos meus 15 anos. Também tinha um anel como pingente, símbolo de amizade com meu melhor amigo.

(continuar)

Aula: Segunda-feira, 26/04/2010

Seminário: Renan /Mediação: Adhara

Sentindo sentidos

O seminário vem sendo feito a cada segunda feira, trazendo à tona inflexões e reflexões sobre a vida, sob a ótica dos pequenos-grandes detalhes que às vezes passam despercebidos. Os nossos sentidos, os sentidos humanos. Às vezes se esquece da importância de cada um e como trabalham em conjunto.

Fala-se de cores, cheiros, sensações, memórias, lembranças, apelos visuais. E com cada exposição há um debate no entremeio das aulas e com os debates, várias óticas e pontos de vista definindo cada tema e seus detalhes.

Diria que me acrescentou bastante. Gosto de debates, eles clareiam as dúvidas e fazem nascer novos argumentos a cada minuto. Uma das partes mais importantes.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

não esperado.

Esperar é desesperador?
E como não desesperar-se esperando?
Desespero, espero.
Espero tanto que desespero.

Na espera da espera, o desespero é falta. Falta da espera, da esperança.

Esperando.

Não há como desesperar se a espera da esperança é tão presente.

O que fazer então?
Desespero esperando.

domingo, 4 de abril de 2010

Você

- Tudo bem, boa noite pra você.
- Pra você também. E vê se você não me chama de você.
- Ué, e como vou chamar você?
- Não sei, arruma um jeito. Não gosto que você me chame de você.
- Porque já?
- Acho feio. Parece raiva ou indiscrição. Até mesmo má educação.
- Ora, mas veja você... má educação?
- Isso mesmo. Sempre achei feio conversação que incluísse o 'você'. Parece pouco confiável, sem interação, aproximação.
- E pergunto de novo, como chamo você?
- Me chame pelo meu nome. Ah, não. Prefiro que não. Não gosto do meu nome. Parece raiva, indiscrição.
- Para as patavinas, você e seu você. Haja frescura nesse mundo!
- Não, não diga frescura. Diga manias. Senão parece raiva, indiscrição...
- FRESCURA, FRESCURA, FRESCURA! Você merece é uma cadeira na tua cara, logo após de um tabefe bem dado.
- Não, se eu fosse você não faria isso.
- Porque?

(assobio de um vento)

- Cadê você?