segunda-feira, 23 de maio de 2011

Botas Marrons

A bolsa era vermelha, assim como as bochechas. Essas eram grandes e envergonhadas, assim como seus olhos, que sempre cerravam ao ver conhecidos acenando para ela. Marieta era bem tímida sim e não se envergonhava disso. Usava botas marrons e camisas longas e listradas de vermelho e branco. Alguém disse um dia que ela parecia com o Wally, e que sempre a acharia em qualquer multidão.

Assim seguia seus dias: tímidos como seus olhos. Até chegar aquele minuto que a fez mudar. Perdera suas botas no seu trabalho. Já que cultivava o hábito de ficar descalça enquanto trabalhava, deixava suas botas ao lado de sua mesa, até o final do expediente. Aquelas botas marrons eram o grande mimo de sua vida. A partir daquele momento, Marieta desavergonhou-se grandiosamente em gesto do mesmo tamanho: gritou e se esbaldou, como se aquele grito estivesse esperando para ser solto a muito tempo. "Quem diabos surrupiou minhas botas?", dizia a desesperada Marieta.

E nunca mais as viu por perto. Apesar de sempre achar que as via nos pés dos transeuntes de São Paulo.

Malditos.

sábado, 21 de maio de 2011

18 de maio de 2011

Este foi o dia dos figurinos. Cada um apresentou o figurino que estava produzindo. Como eu ainda não tinha terminado o meu, fiquei apenas a olhar e a opinar. Não foram muitos os que apresentaram seu figurino nesse dia. Dos poucos que me lembro: Verônica, Cléber, Anízdete, Renan, Érica, Lorena.

Foi interessante esse dia porque pudemos dar dicas sobreos figurinos e recebê-las também. Cheguei lá com uma idéia e saí com outra. Acho que agora já sei o que produzir.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

11 de maio de 2011.

Os trabalhos já chegaram no nível de ensaio. Cada um apresentou sua cena que era feita de movimentos que significavam algo internamente nosso. Movimentos esses que eram como retratos, recortes de momentos muito marcantes em nossa vida. Toda essa movimentação é ressignificada pela poesia que é dita ao mesmo tempo. O que se representa é a particularidade de cada ator, com as máscaras de outra representação: da poesia de Manoel de Barros. O que o público vai perceber vira um enigma, pois várias opções vão estar à sua disposição.
As apresentações foram feitas ontem. A minha apresentação não estava lá muito segura. Fico nervosa nos momentos que não devo ficar. Porém sinto um problema nesse trabalho: não sinto tudo o que deveria sentir. Meus momentos são muito importantes sim, mas é como se já tivesse conseguido superá-los, de certa forma. Acho que o problema é que já tenho que me enxergar de outra forma. Às vezes tenho medo disso.